Vice-presidente sugere excluir alimentos e energia do cálculo da inflação e critica juros altos, citando modelo dos EUA como referência
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) sugeriu nesta segunda-feira (24/3) que o Banco Central estude a exclusão de alimentos e energia do cálculo oficial da inflação. “Não adianta aumentar juros que não vai baixar o preço do barril de petróleo. Isso é guerra, é geopolítica”, disse. O ministro defendeu que o aumento de juros seja feito “naquilo que pode ter mais efetividade na redução da inflação”.
A proposta foi feita durante encontro promovido pelo jornal Valor Econômico, onde o ministro defendeu que a alta de juros não resolve problemas causados por fatores climáticos, sazonais ou externos, como guerras e tensões globais.
Para Alckmin, “é uma medida inteligente” o foco do Federal Reserve (FED) — o banco central dos EUA — nas decisões sobre política monetária ao núcleo da inflação, tendo como referência um índice que exclui itens voláteis como alimentos e energia. “Entendo sim que é uma medida que deve ser estudada pelo Banco Central brasileiro”, afirmou.
“Eu mencionei o exemplo americano porque ele tira do cálculo da inflação alimento porque alimento é muito clima. Se eu tenho uma seca muito forte, uma alteração climática muito grande, vai subir o preço de alimento. E não adianta eu aumentar os juros porque não vai fazer chover. Então eu só vou prejudicar a economia e, no caso do Brasil, pior ainda, porque aumenta a dívida pública”, destacou Alckmin, que ocupa interinamente o cargo de presidente da república durante viagem de Lula (PT) à Ásia.Segundo ele, uma taxa de juros como a Selic de 14,25% ao ano “atrapalha a economia” ao encarecer o custo de capital, mas reconheceu como essencial o controle inflacionário. Alckmin também citou a criação das Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), visando tornar o crédito mais atrativo e estimular o setor produtivo, em meio a alta dos juros no Brasil.
O chefe do MDIC argumentou que a inflação nos preços alimentos no país se deve a diversos fatores, como uma “seca enorme e muito calor” no segundo semestre do ano passado. “O clima afeta diretamente a safra, né. Depois tivemos dólar, o dólar chegou a US$ 6,20, isso impacta custos de produção, combustível, maquina, fertilizante, enfim, impacta tudo”, frisou.
O ministro previu ainda para esse ano um “empurrão” da agricultura na queda do preço dos preços dos alimentos, impulsionada por melhores condições climáticas, a expectativa por uma safra agrícola “recorde” e a queda da dólar.
Fonte Eixos