A intensificação da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos neste mês, com a imposição de tarifas sobre produtos importados, levou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a revisar para baixo suas projeções de crescimento da demanda global pela commodity.
Em relatório divulgado na segunda-feira (14), a Opep reduziu em 150 mil barris por dia (bpd) a estimativa de aumento da demanda para 2025. Com o ajuste, a previsão é de crescimento de 1,30 milhão de bpd no próximo ano, refletindo o impacto das tensões comerciais sobre a atividade econômica mundial. Apesar de uma pausa de 90 dias na implementação de parte das tarifas, as alíquotas mais elevadas sobre o comércio com a China permanecem em vigor, pressionando o mercado global.
Brasil na contramão
Apesar do cenário de desaceleração, o Brasil aparece como exceção. A Opep manteve suas projeções de crescimento econômico para o país, estimando alta de 2,3% do PIB em 2025 e 2,5% em 2026. A entidade destaca que o país já vinha adotando uma política monetária mais restritiva para conter a inflação, o que ajudou a suavizar os efeitos imediatos da crise global.
“O Brasil está relativamente bem posicionado e pode até mesmo se beneficiar da situação atual. Por exemplo, as tensões comerciais entre os EUA e a China podem aumentar a demanda chinesa por exportações agrícolas brasileiras”, pontua o relatório.
O agronegócio é apontado como vetor de sustentação da demanda por derivados no mercado interno, especialmente o diesel, fundamental para o transporte de cargas no setor.
Investimentos em risco
No entanto, o ambiente de incerteza também traz riscos relevantes à indústria brasileira de petróleo. Segundo a Opep, o aumento dos custos de desenvolvimento offshore, combinado com a pressão inflacionária global, pode atrasar projetos previstos para entrar em operação em 2026.
Esse cenário é especialmente sensível para o país, que aposta na abertura de novas fronteiras exploratórias, como a Margem Equatorial. Uma das principais apostas é a Bacia da Foz do Amazonas, cuja viabilidade ambiental segue em debate. No Senado, o tema voltou à pauta com a proposta do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que defende a criação de um marco legal específico para autorizar a atividade exploratória na região.