Acordo de 90 dias entre as duas maiores economias do mundo reduz tarifas e traz alívio ao mercado, mas incertezas permanecem no radar dos investidores
Os preços do petróleo avançaram cerca de 1,5% nesta segunda-feira (12), impulsionados pelo anúncio de uma trégua tarifária entre Estados Unidos e China. O acordo, que prevê a suspensão por 90 dias das tarifas recíprocas entre as duas maiores economias do mundo, trouxe algum alívio ao mercado de commodities, em meio a preocupações com o impacto da guerra comercial sobre a demanda global por energia.
Com a trégua, as tarifas impostas pelos EUA sobre importações chinesas cairão de 145% para 30%. Do lado chinês, as alíquotas sobre a maioria dos produtos norte-americanos serão reduzidas de 125% para 10%. No entanto, as tarifas de 15% aplicadas ao carvão e ao gás natural liquefeito (GNL) dos EUA foram mantidas.
Em resposta, o barril do Brent para entrega em julho subiu 1,64%, cotado a US$ 64,96, em Londres. Já o WTI para junho avançou 1,52%, a US$ 61,95, em Nova York — ambos os contratos alcançaram as máximas em duas semanas.
A expectativa é que a trégua possa reaquecer parte do comércio bilateral, embora a retomada leve algum tempo para se concretizar. Segundo dados da S&P Global Commodity Insights, os EUA não exportam petróleo bruto para a China desde fevereiro, nem derivados desde março.
Apesar do tom mais conciliador entre os países, analistas avaliam que o mercado ainda convive com elevada volatilidade. “O desfecho das negociações segue incerto”, avalia o ING, em nota. Para a Again Capital LLC, o alívio nas tensões reduz o risco de desvalorização dos preços em US$ 3 a US$ 5 por barril, elevando o novo piso para algo próximo de US$ 60.
O movimento altista no mercado também ocorre em um momento de revisão para baixo nas projeções para o Brent em 2025. Os principais bancos globais reavaliaram os preços futuros diante da aceleração na produção liderada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), segundo o portal Oilprice.
A trégua, portanto, entra como uma nova variável de alta no equilíbrio entre oferta e demanda.
Esse ambiente externo mais favorável foi um dos fatores que permitiu à Petrobras intensificar os cortes no preço do diesel. Desde abril, a estatal anunciou três reduções consecutivas.
Após tocarem os menores níveis desde 2021 durante o mês de abril, os preços do petróleo vêm ensaiando uma recuperação. O foco dos investidores agora se volta à viagem do ex-presidente Donald Trump ao Oriente Médio. A Arábia Saudita, maior produtor da Opep, será sua primeira parada. Segundo o Wall Street Journal, o Goldman Sachs vê possibilidade de o cartel suspender os planos de aumento da oferta a partir de agosto.