Avaliação é feita com base na interdição da P-53, dia 17, e no incêndio na plataforma Cherne 1, nesta segunda-feira
Campos – “Os recentes incidentes envolvendo plataformas da Petrobras na Bacia de Campos, podem comprometer significativamente a arrecadação de royalties dos entes produtores da região”. A manifestação é do prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Wladimir Garotinho, presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), ao comentar o incêndio seguido de explosão ocorrido nesta segunda-feira (21), na plataforma Cherne 1 (PCH-1).
Wladimir acompanha o desdobramento da situação, juntamente com o secretário municipal de Petróleo, Energia e Inovação, Marcelo Neves. Ele lembra que a principal plataforma da Bacia de Campos, a P-53, já havia sido interditada na semana passada. O prefeito dividiu sua preocupação com a diretoria do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), com a qual manteve contato.
“Esses incidentes, somados ao ‘tarifaço’ do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez o barril de petróleo despencar abaixo dos 60 dólares, trará problemas de fluxo de caixa nos próximos meses aos municípios da região”, avalia Wladimir. Marcelo Neves (que também é secretário executivo da Ompetro), reforça que os eventos negativos na Bacia de Campos geram grandes reflexos nos municípios da zona de produção.
“Já estávamos em sinal de alerta desde a última semana”, afirma Neves lembrando que na última quinta feira (17), ele e Wladimir estavam na Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) buscando obter recursos, ainda sem liberação, devido ao cenário do Brent. O secretário assinala que todos saíram da ANP com notícias boas sobre a aceleração dos depósitos ainda retidos.
“Ninguém poderia imaginar que poucas horas depois chegaria informação de que a ANP interditou a P-53, iniciando uma ladeira abaixo nos valores de royalties que viríamos receber; e nesta segunda mais uma notícia colocou o prefeito e todos os secretários em regime de alerta”, lamenta Neves informando que a Secretaria de Petróleo vem desde cedo subsidiando Wladimir nas análises e previsões de como enfrentar mais este desafio.
Wladimir analisa que a interdição da plataforma P-53 (campo de Martim Leste) ocorrida em 17 de abril de 2025, determinada pela ANP, após auditoria realizada entre os dias oito e 17 de abril, trará sérias consequências para as receitas dos municipais: “O relatório técnico apontou falhas graves de integridade estrutural, ausência de medições operacionais seguras e reincidência de irregularidades já registradas em interdição anterior, em fevereiro de 2024”.
ANÁLISES TÉCNICAS – Marcelo Neves ratifica que a produção na P-53 encontra-se suspensa e cerca de 240 trabalhadores foram retirados da unidade: “Como todos sabem, ocorreu incêndio na plataforma Cherne 1 (PCH-1), situada a cerca de 130 km da costa de Macaé, na manhã desta segunda-feira. Temos estimativas de impacto econômico com base em análises técnicas preliminares feitas pela Secretaria de Petróleo de Campos”.
De acordo com Neves, a paralisação da plataforma P-53 pode gerar perda estimada de até 14% na arrecadação de royalties dos municípios impactados, caso a suspensão operacional se estenda por 30 dias. Quanto à PCH-1, o secretário resume que a paralisação da plataforma, dada sua produção marginal, representa impacto inferior a 1% no volume de royalties.
“Cabe destacar que o cálculo de royalties também é sensível à variação cambial e à cotação do petróleo tipo Brent, que sofre oscilações recentes em razão do pacote tarifário anunciado pelos Estados Unidos, pressionando o barril para valores abaixo de US$ 60”, acentua o secretário apontando algumas medidas.
Fonte: O Dia